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Cirurgias complexas para tratar dores crônicas


A dor persistente, sem controle nem atenuação, é uma das condições mórbidas que mais altera negativamente a personalidade de um indivíduo. Como alternativa para melhorar a qualidade de vida dos pacientes que sofrem de tal desconforto, cirurgias complexas são cada vez mais estudadas e aprimoradas para tratar as

dores crônicas.

As novidades sobre as cirurgias complexas para o controle da dor crônica serão apresentadas no XIII Congresso Brasileiro Para Estudo da Dor, promovido pela Sociedade Brasileira Para Estudo da Dor, que será realizado em Natal (RN) de 12 a 15 de setembro. Segundo o neurocirurgião responsável pelo tema e tesoureiro da SBED, José Oswaldo, os tratamentos cirúrgicos podem ser divididos em dois grupos: intervenções ablativas e não-ablativas.

As chamadas cirurgias ablativas são realizadas a partir de uma lesão proposital feita no sistema nervoso. O método mais utilizado para realizar a referida lesão em um procedimento é a radiofrequência, que consegue ser circunscrita em pontos periféricos como nervos, ou centrais como na medula espinhal ou no cérebro, obtendo-se, dessa forma, um resultado bastante preciso. É preferível que esse tipo de intervenção seja realizada com o paciente acordado, uma vez que surge a possibilidade de ele guiar o médico a traçar um mapeamento fisiológico a partir de estimulações e respostas motoras e sensitivas.

“As cirurgias ablativas tendem à eficácia, embora o grande risco do tratamento seja danificar o sistema nervoso e causar a substituição do desconforto, obtendo resolução do problema inicial com a formação de um segundo, iatrogênico”, explica José Oswaldo. Com o procedimento é possível, ainda, tratar dores de membros fantasmas (quando o paciente sente dor em um membro amputado). O tratamento deve ser iniciado com medicação e fisioterapia. “Nesses casos, não é indicado recorrer ao processo cirúrgico sem tentar outros procedimentos, já que a falta de sensibilidade está localizada em um membro já inexistente. A dor acontece por falta de conciliação fisiológica entre as estruturas da medula e do cérebro (intactas) e as do corpo (danificadas), uma vez que o cérebro está completo enquanto o corpo não”, acrescenta.

Já os tratamentos não-ablativos são aqueles que visam preservar o sistema nervoso, optando pela introdução de analgésicos no sistema nervoso central em vez de aplicá-los na veia, músculo ou via oral, como frequentemente acontece.

Com a aplicação próxima ao local destinado, o alívio da dor é mais rápido e certeiro. Essas chamadas “bombas implantáveis” podem ser informatizadas e possuírem capacidade de liberarem quantidades adaptadas às diferentes necessidades individuais, aumentando ou diminuindo a quantidade de medicamento em cada situação. Quando a solução analgésica (em geral, a base de morfina) está prestes a terminar, o doente recebe um reabastecimento (refil) por uma injeção percutânea que preenche um reservatório da bomba. Quando a bateria que alimenta a bomba termina, o mesmo pode necessitar uma troca.

Outra modalidade de procedimentos não ablativos para o controle das dores refratárias é a que utiliza a estimulação elétrica de estruturas nervosas por meio de implantes de sistemas semelhantes aos marca-passos utilizados em cardiologia, cujos eletrodos, em vez de estarem em contato com o coração, fazem-no com a medula, nervos periféricos, estruturas cerebrais profundas ou superficiais. Os chamados “geradores de impulsos” elétricos ou também “neuroestimuladores” são acessados por telemetria e reprogramados conforme a obtenção do alívio da dor ou de aparecimento de desconforto indesejável causados pela estimulação.

É importante ressaltar que os resultados variam de acordo com alguns fatores, como, por exemplo, o tipo e o tempo da doença, já que quanto menos tempo o paciente convive com a dor, menor é a sensibilização do sistema nervoso, a memória da dor e as alterações genéticas das células nervosas, ou seja, a probabilidade de bons resultados é maior.

Há casos em que o estado de dor é entendido pelo corpo como normal do sistema nervoso. “Hoje não se espera mais que aconteça sedação terminal por conta de dores oncológicas (secundárias ao câncer). É possível controlar o incômodo, sendo que 85% dos pacientes com câncer conseguem ter este alívio do desconforto causado pela patologia com medicação oral e apenas de 3% a 5% precisam recorrer às cirurgias especificas para dor” explica o especialista.

Os avanços dos procedimentos permitem uma melhor avaliação dos pacientes com dores especificas que requerem tratamentos pontuais. A Medicina, nos últimos anos, proporcionou resultados melhores do tratamento de diversas doenças que afligem a humanidade, com um progressivo aumento da expectativa de vida em todo o mundo. O aumento desta expectativa se aliou ao desejo pelo aumento também da qualidade de vida dos agora sobreviventes. Não adianta viver mais se não vivermos melhor. A medicina está cada vez mais pessoal, adequando-se às necessidades de cada indivíduo. O CBDor também apresentará os novos equipamentos que se adequam às demandas dos que sofrem com dor crônica.


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