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Experiência cultural: associados têm encontro com a arte


Para ampliar o conhecimento sobre as artes plásticas e estimular a criação artística dos médicos, a Associação Paulista de Medicina realizou sua primeira experiência cultural, na noite de 29 de junho. No local escolhido, o Instituto Gustavo Rosa, os associados desfrutaram de um roteiro todo especial, com palestra sobre o tema “Arte e Loucura”, visita guiada ao acervo e, de quebra, puderam experimentar a pintura na prática.

“Sabemos que o propósito primordial da APM é prezar pela defesa do médico e excelência na qualidade assistencial da saúde no conjunto social. Mas a atuação da entidade é muito mais ampla, perpassando por outros aspectos importantes, como a cultura. Essa área tem se fortalecido ao longo dos anos, representada aqui por seus diretores, Guido e José Luiz. Esse evento de hoje é uma pequena amostra desse trabalho”, disse o presidente da APM, Florisval Meinão, na abertura.

De acordo com o ex-presidente e atual diretor Cultural adjunto da APM, José Luiz Gomes do Amaral, a iniciativa pioneira visa também reunir os médicos em outros espaços que não sejam necessariamente dentro da entidade. “Como muito bem colocado pelo presidente Florisval, sempre incentivamos as diversas manifestações culturais, visto os acervos que disponibilizamos ao médico no edifício sede da nossa entidade. Mas é importante nos reunirmos em ambientes como o Instituto Gustavo Rosa. Aliás, a casa do médico é onde ele se reúne com outros médicos, contando ainda com uma Associação que o acolhe”.

“Estou muito feliz com essa parceria entre a APM e o Intituto Gustavo Rosa”, agradeceu o diretor presidente do Instituto, Roberto Rosa, irmão do artista. “A presença de vocês hoje é importante porque o Gustavo, diferente de outros pintores, gostava de conviver com pessoas de outras profissões, e muitos médicos fizeram parte de sua vida, como o próprio Guido Palomba, que hoje tem nos ajudado a preservar este espaço”, acrescentou.

Experiências

Na primeira etapa, os participantes assistiram à palestra Arte e Loucura, ministrada pelo diretor Cultural da APM, Guido Arturo Palomba. O psiquiatra forense conceituou a arte como expressão de valores de uma determinada época, como suas manifestações rupestre, grega, renascentista e contemporânea, e a sintetizou historicamente, considerando a visão dos pensadores da idade antiga aos dias atuais.

“Bem diferente da ciência, que é objetiva, por isso impessoal e universal, o artista ao interpretar a realidade inventa, cria e produz o que não é”, comparou Palomba. Para ele, é um equívoco pensar que a loucura se confunde com a arte. “A Medicina sabe que a doença mental ataca violentamente o pensamento, o sentido, a percepção, a intuição, separada ou conjuntamente, em suas mais variadas possibilidades. Nesse estado de loucura, não há produção artística. Vocês devem perguntar: ‘e os loucos egrégios que deixaram obras extraordinárias para a humanidade?’ Sim, eles tinham o gênio artístico, mas apenas em momentos de não surtos”, explicou.

Após a apresentação, os médicos puderam deixar suas produções artísticas em tela branca, comprada pelo próprio Gustavo Rosa. A experiência coletiva aconteceu no ateliê do então artista plástico.

Aline Melo, ginecologista e obstetra há quatro anos, desenhou uma mãe com um bebê de colo, representando as mulheres atendidas em seu consultório. A blusa vermelha da figura simula o seu favoritismo pela cor. “Gostei muito, tanto da palestra - que fez uma retrospectiva histórica da arte, ajudando a desmistificar a relação entre a estética e a loucura – quanto do estimulo à criatividade através da pintura em tela”, sorriu. “A profissão médica exige muito da gente, somos cobrados o tempo todo. Parar um pouco e ir para outro lado, do belo e da arte, é gratificante.”

Gabriela Pantoja, residente do 3º ano de ginecologia e obstetrícia, concorda. “Amplia as nossas capacidades intelectuais, porque no dia a dia priorizamos muito o conhecimento técnico, além de raramente realizarmos passeios culturais diferentes de nossa realidade.”

Para Alexandre Rodrigues de Souza, formado há um ano em Medicina, a experiência cultural também possibilita um maior entendimento da vida humana. “Por exemplo, uma doença é causada por inúmeros fatores, envolvendo quase todos os aspectos do convívio social. E contato com a arte, filosofia e sociologia amplia a sua visão geral. Sem essa parte mais humana, você vira um computador, somando sintomas e dando um diagnóstico que, muitas vezes, tem outros componentes a serem acrescentados.”

Os participantes ainda fizeram visita guiada ao acervo, coordenada por Roberto Rosa, que conta com 100 obras em exposição rotativa, além das 250 em reserva técnica. O evento ainda contou com a presença do crítico de arte Jacob Klintowitz e dos diretores da APM Claudio Alberto Galvão Bueno da Silva (Patrimônio e Finanças) e Christina Hajaj Gonzalez (Social).

Gustavo Rosa

O paulistano Gustavo Machado Rosa nasceu no dia 20 de dezembro de 1946. Autodidata, começou a desenhar com apenas três anos. Entretanto, só a partir dos anos 1960 suas produções começam a ser organizadas. A consagração da carreira vem 20 anos depois, com premiações e indicações em grandes mostras de arte.

Suas obras recebem influências de expoentes como Picasso, Matisse, Cézanne, Saul Steinberg, Niki de Saint Phalle e dos seus amigos Volpi, Di Cavalcanti, Aldo Bonadei e Carlos Scliar.

Apesar do sucesso nacional e internacional, no fim dos anos 1990 foi diagnosticado com um câncer na medula óssea. Durante os 14 anos de luta contra a doença, continuou produzindo, expondo e doando obras para fins beneficentes. Gustavo faleceu em 2013 e seu ateliê virou um instituto aberto ao público, fundado pela família em 2015.


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