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Hipócrates e a vergonha de certos médicos

A Medicina, a assistência à saúde, tem como alicerces a ética, a lisura, o compromisso com a Ciência e com os pacientes. Nada que escape a esses preceitos pode ser jamais admitido. Fugir aos princípios, negar tais valores, consiste em crime contra o bem-estar e a vida humana.



Um dos códigos de honra para os médicos é manter sob o sigilo os dados de saúde e outras informações guardadas em confiança pelos seus pacientes. Aliás, essa é uma questão de postura que faz parte de um dos trechos do juramento de Hipócrates (460-351 a.C.):


“E o que quer que eu veja ou ouça no curso de minha profissão, assim como fora de minha profissão, nos meus encontros com os homens, se for algo que não deva ser publicado fora, eu jamais divulgarei, considerando essas coisas como segredos sagrados... Penetrando no interior das famílias, meus olhos serão cegos e minha língua calará os segredos que me forem confiados...”.


Hipócrates, a propósito, é considerado o pai da Medicina por prezar a saúde das pessoas e ser um guardião da Ciência. Ele foi o ícone da rejeição a explicações supersticiosas e míticas de como enfrentar e curar doenças.


Hoje, se vivo estivesse, Hipócrates certamente moveria uma cruzada contra as fake News e contra charlatões que impingem “tratamentos” sem evidências científicas àqueles a quem deveriam dispensar o melhor da assistência.


Recentemente, vimos em uma audiência pública, alguns desses curandeiros do século XXI pregando contra vacinas que podem salvar nossas crianças de contrair e morrer por Covid-19. Indivíduos desse baixíssimo nível estão sempre prontos a servir ao Poder em troca de migalhas e em detrimento do bem coletivo.


Entre tantas barbáries, são tipos como eles os mentores de protocolos injustificáveis que propiciam a certos hospitais amealhar dinheiro a rodo transformando pequenas enfermidades em casos gravíssimos. Fazem uma unha encravada virar episódio de amputação dos dedos, sem remorso. É prejuízo e desequilíbrio ao sistema e um ataque à dignidade humana.


Sempre propagarei a meus alunos a essência da boa prática. Um médico com M maiúsculo deve dedicar amor ao doente, amar a Medicina e se opor, sempre, à exclusão social no atendimento em saúde.


Vida tem valor único. Quem não a preza, é outra coisa, médico jamais!


Antonio Carlos Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica

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