Considerando que:
Na nota técnica Nº 651/2021-CGPNI/DEIDT/SVS/MS, de 19 de maio de 2021 há recomendação para a suspensão da utilização de vacinas com vetor viral para gestantes; e também para que mulheres que tenham recebido a primeira dose da vacina AstraZeneca/Oxford/Fiocruz e que estejam grávidas só recebam a segunda dose após o puerpério (definido como 45 dias após o nascimento).¹
Na nota técnica Nº 651/2021-CGPNI/DEIDT/SVS/MS e na nota técnica Nº 2/2021-SECOVID/GAB/SECOVID/MS, há recomendações para a vacinação de gestantes e puérperas com e sem comorbidades utilizando-se das vacinas COVID-19 Butantan/Sinovac (Coronavac®️) ou Pfizer Biontech: (Cominarty). ¹,²
Na análise dos dados públicos do SIVEP GRIPE, houve aumento importante da mortalidade materna por Covid-19 no Brasil, sendo notificados até o dia 14 de Julho de 2021, 462 casos em 2020 e 1204 casos em 2021, o que representa 10 mortes maternas por semana em 2020 e 44 mortes maternas por semana em 2021. ³,⁴
Na comparação entre os anos 2020 e 2021, a mortalidade materna semanal aumentou em 334% e a mortalidade da população geral aumentou em 110%, confirmando os achados do CDC de que gestantes constituem grupo de maior risco de intubação orotraqueal, de internação em Unidades de Terapia Intensiva e de óbito.³,⁴,⁵
Na análise dos dados públicos do SIVEP GRIPE, relativos ao Estado de São Paulo, observa-se notificação de 80 mortes maternas por COVID-19 em 2020 e 236 mortes em 2021, ou seja, 1,7 óbitos por semana em 2020 e 8,7 óbitos por semana em 2021.3,4
Há no Brasil aproximadamente 15.000 mulheres que tomaram a primeira dose da Oxford/AstraZeneca durante a gestação ou se tornaram gestantes após o recebimento da primeira dose. ⁶
Considerando ainda que não há evidência de que seja seguro e eficaz aguardar intervalo de tempo que pode ser de até 10 meses para recebimento da segunda dose da vacina Oxford/ AstraZeneca.Há no Estado de São Paulo a circulação da variante Delta e que uma dose da vacina Oxford/AstraZeneca não confere boa imunidade contra esta variante. ⁷
Há estudo na literatura demonstrando que a utilização da vacina Oxford/AstraZeneca seguida da Vacina da Pfizer, administrada em 8 a 12 semanas após a dose de Oxford/AstraZeneca, resultou em boa imunogenicidade e poucos efeitos colaterais. ⁸
Conclusão
A SOGESP, diante do expressivo aumento da mortalidade materna no Brasil e no Estado de São Paulo e dos dados e estudos disponíveis atualmente, recomenda que:
Seja disponibilizada para todas as mulheres que estejam gestantes ou puérperas no Estado de São Paulo, e que receberam a primeira dose da vacina contra COVID-19 Oxford/AstraZeneca, a possibilidade de completar seu esquema vacinal com a Pfizer Biontech (Cominarty®️) ou, na indisponibilidade desta, com a vacina Butantan/Sinovac (Coronavac®️), a ser administrada em intervalo de no mínimo 8 semanas após a primeira dose.
Não seja exigido relatório ou prescrição médica ou ainda qualquer outro documento além daqueles que comprovam a gestação ou o puerpério, assim como ocorre na vacinação contra gripe e outras;
Todos os médicos divulguem a campanha de vacinação do Estado de São Paulo para as gestantes e puérperas.
Rossana Pulcineli Vieira Francisco
Presidente
Referências:
NOTA TÉCNICA Nº 651/2021-CGPNI/DEIDT/SVS/MS, de 19 de Maio de 2021.
NOTA TÉCNICA Nº 2/2021-SECOVID/GAB/SECOVID/MS, de 06 de Julho de 2021.
SIVEP-Gripe, https://opendatasus.saude.gov.br/dataset?tags=SRAG acessado em 14/07/2021.
Rodrigues A, Lacerda L, Francisco RPV. Observatório Obstétrico Brasileiro COVID-19. Acessado em 14/07/2021 https://observatorioobstetrico.shinyapps.io/covid_gesta_puerp_br.
Zambrano LD, Ellington S, Strid P, et al. Update: Characteristics of Symptomatic Women of Reproductive Age with Laboratory-Confirmed SARS-CoV-2 Infection by Pregnancy Status — United States, January 22–October 3, 2020. MMWR Morb Mortal Wkly Rep 2020;69:1641–1647. DOI: http://dx.doi.org/10.15585/mmwr.mm6944e3
Ministério da Saúde do Brasil. Coletiva de imprensa sobre suspensão da vacina de Oxford/AstraZeneca para gestantes e puérperas realizada em 11/05/2021 https://www.facebook.com/minsaude/videos/ e acessada em 14/07/2021.
Planas, D., Veyer, D., Baidaliuk, A. et al. Reduced sensitivity of SARS-CoV-2 variant Delta to antibody neutralization. Nature (2021). https://doi.org/10.1038/s41586-021-03777-9.
Borobia, AM et al. Reactogenicity and Immunogenicity of BNT162b2 in Subjects Having Received a First Dose of ChAdOx1s: Initial Results of a Randomised, Adaptive, Phase 2 Trial (CombiVacS). http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.3854768.
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