Uma das principais dúvidas das mulheres após dar à luz o bebê é sobre quando é possível voltar a utilizar algum método anticoncepcional. Afinal, nem sempre ter outro bebê está nos planos da mulher e, ainda que esteja, o recomendado pelos médicos é esperar no mínimo seis meses em caso de parto normal ou nove meses após uma cesárea para engravidar de novo.
De acordo com os especialistas, o mais seguro é que as mulheres respeitem o resguardo, o período de cerca de 42 dias após o nascimento do bebê, necessário para que o corpo da mulher se recupere do parto e no qual o sexo é contraindicado pelo risco de infecção. O uso de anticoncepcionais com hormônios durante o resguardo pode aumentar os riscos de formação de coágulos nas pernas e de tromboembolismo venoso, problemas que podem ocorrer mais comumente na gravidez e nas seis semanas após o parto.
“De uma forma geral, a atividade sexual só deve ser retomada após a consulta de retorno pós-parto, que habitualmente ocorre seis semanas depois de a mulher dar à luz. Nessa consulta, o médico orienta a anticoncepção ideal para a paciente”, afirma Luciano Pompei, ginecologista e obstetra coordenador científico de Ginecologia da SOGESP (Associação de Ginecologia e Obstetrícia do
Estado de São Paulo).
É importante lembrar que, caso não respeite as recomendações acima, as chances de engravidar durante os primeiros 42 dias do pós-parto são muito pequenas, ainda mais se a gestante estiver amamentando seu bebê em livre demanda, o que inibe a ovulação e, consequentemente, impossibilita uma nova gravidez.
Caso a mulher que não esteja amamentando em livre demanda quebre o resguardo e tenha relação sexual, o ideal é que ela ou seu parceiro usem preservativos, ou seja, as camisinhas masculina ou feminina. Se não houver o uso de preservativos ou se a camisinha se romper durante a relação sexual, o mais indicado é a mulher procurar seu médico.
Escolhendo o anticoncepcional ideal
A partir da sétima semana após o parto, ou seja, quando acaba o resguardo, as relações sexuais estão liberadas, e as chances de engravidar aumentam, já que a ovulação pode voltar a qualquer momento. Por isso, antes de retomar a vida sexual com seu parceiro, é importante que ela defina, de preferência junto ao seu médico, um método anticoncepcional ideal para atender suas necessidades, uma vez que existam diversos tipos diferentes, cada um com suas características,
vantagens e desvantagens.
“A escolha do método depende de vários fatores. Em primeiro lugar, das condições de saúde da mulher. É papel do médico verificar se ela tem algum problema de saúde que pode restringir alguns métodos anticoncepcionais. Não havendo contraindicação, o médico deve apresentar as vantagens e desvantagens de cada método para que a mulher possa escolher aquele que melhor se adequa ao seu perfil e ao qual ela tem maior facilidade de aderir e de usar corretamente”, afirma o ginecologista e obstetra.
As mães que amamentam são as que mais precisam estar atentas à escolha, pois há alguns métodos que podem influenciar na amamentação. “Os métodos que não podem ser usado no pós-parto pelas mães que amamentam são os chamados combinados, ou seja, aqueles que têm dois hormônios: um derivado da progesterona e um derivado do estrogênio, pois o último é contraindicado para quem amamenta”, alerta Luciano.
O motivo do estrogênio ser contraindicado para quem amamenta é que ele pode diminuir a qualidade e a produção do leite materno. Os métodos hormonais que não podem ser usados por quem amamenta são a pílula anticoncepcional comum combinada; a injeção mensal, que também tem estrogênio; o anel vaginal, que também é um método combinado e o adesivo anticoncepcional.
Apesar das pílulas anticoncepcionais mais comuns serem as combinadas, é possível encontrar versões que contenham apenas derivados da progesterona, que podem ser usadas normalmente pelas mulheres que amamentam. Existe ainda a injeção trimestral, uma injeção que também contém apenas derivados da progesterona e pode ser usada.
“Os métodos hormonais que contém apenas derivado da progesterona, que nós médicos chamamos de métodos de progestagênio, podem ser usados, porque não interferem na amamentação e são muito seguros, com poucos riscos para a saúde de uma forma geral”, completa o médico.
Também há dispositivos contraceptivos que são seguros para todas as mães, como o dispositivo intrauterino (DIU). O DIU de cobre tem um formato de T e age impedindo que os espermatozoides cheguem às trompas, onde a fecundação acontece. Ele pode ser colocado já na maternidade, logo após a expulsão da placenta e, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, pode ser mantido por até 10 anos dependendo do tipo. O DIU hormonal, por sua vez, atua liberando o hormônio levonorgestrel, uma versão sintética da progesterona, e pode dura
até de cinco anos.
Amamentação evita gravidez?
A própria amamentação pode ser um método contraceptivo natural, chamado pelos médicos de método de amenorréia lactacional. Porém, o método somente funciona para mulheres que amamentam seus bebês em livre demanda e que ainda não voltaram a menstruar e, mesmo assim, é difícil saber quando a ovulação
irá retornar.
“Hoje em dia a mulher volta ao trabalho pouco tempo após ter filhos, ao final da licença maternidade, então já fica mais difícil de ela amamentar regularmente. Por isso, é mais difícil a prática desse método atualmente, dessa forma,
frequentemente recomendamos um método adicional, até porque a mulher se sente mais segura de estar usando um método mais eficaz”, finaliza Luciano.