Começou o último bimestre do período escolar e muitos pais estão se perguntando o que fazer com as notas baixas dos filhos que, nessa altura do campeonato,
podem levá-los à reprovação ou à conclusão do ano letivo sem um
aproveitamento satisfatório.
A primeira observação da pediatra Maria Isa Pereira de Souza, vice-presidente do Departamento Científico de Saúde Escolar da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), é que, para esses casos, não se deve deixar tudo para a última hora. “É preciso acompanhar a vida escolar da criança, principalmente no ensino fundamental, desde fevereiro, quando as aulas têm início, pois a vida escolar não começa em outubro”, adverte.
A médica entende a dificuldade dos pais para fazer esse acompanhamento, mas ressalta que, mesmo que pai e mãe trabalhem fora, devem encontrar uma forma de ajudar as crianças com as tarefas escolares. “Atualmente vemos que muitos pais delegam toda a responsabilidade para a escola e não acompanham o dia a dia dos filhos, talvez por falta de tempo, mas é preciso estipular uma rotina para a criança, pois a pressão de final de ano ocorre porque deixaram tudo para a última hora.”
Para Maria Isa, tentar recuperar tudo em outubro é quase inviável, pois não há tempo hábil para rever toda a matéria vista nos meses anteriores. Mas ela indica algumas atitudes para ajudar a criança nesse momento. “Tem de ter rotina, estipular horário para estudar. Limitar em duas horas o acesso ao computador, videogame, celular e televisão, que é orientação da Organização Mundial da Saúde, e procurar aulas de reforço certamente podem ajudar”, explica.
A médica lembra que todas as escolas oferecem aulas de reforço desde o início do ano. O lazer e o esporte também são importantes. “Se a criança passa muito tempo no computador, faça com que ela pesquise sobre as matérias da escola, pois podemos usar a internet em prol do estudo”, recomenda a pediatra.
Em alguns casos, é preciso ir mais fundo na avaliação para descobrir se existe algum problema que esteja atrapalhando o desenvolvimento da criança. “É muito difícil para os filhos e para os pais aceitarem que existe realmente um problema de saúde que explique o mau desempenho na escola. Mas o pediatra tem de ter sensibilidade para descobrir se o aluno é apenas relapso ou se existe motivos mais complicados para as notas ruins”, ressalta.
Se o professor ou o médico percebem que há algo errado com a criança, deve indicar tratamentos com psicólogos, psicopedagogos, fonoaudiólogos ou outros profissionais que possam ajudar nesse momento. Se a criança apresentar alguma alteração, poderá ser atendida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no próprio município onde reside.
Para finalizar, Maria Isa conta uma experiência em uma escola no interior de São Paulo. “A escola convidou pais analfabetos de 30 alunos com dificuldades para que participassem do EJA (Educação de Jovens e Adultos). Desses, 20 aceitaram. Em um ano, 100% das crianças que os pais foram à escola tiveram melhora no aprendizado. Portanto, a família é muito importante para o bom desempenho escolar dos filhos”,
confirma a pediatra.