A importância da fertilização para a produção agrícola foi exposta e debatida no 7º Congresso Brasileiro de Fertilizantes, realizado em São Paulo no dia 29 de agosto pela Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA) e com apoio da Nutrientes Para a Vida (NPV). A cerimônia de abertura contou com a presença do governador paulista, Geraldo Alckmin, que demonstrou otimismo com o tema.
“O Brasil passou a ser esse campeão da agricultura tropical no mundo e uma das agriculturas mais eficientes graças à fusão do trabalho da Anda e a fertilização, e tem aí uma avenida para crescer. Nosso corpo vai mudando a cada quatro, cinco meses... Daqui a seis meses nós seremos outros e essa renovação se faz principalmente pelos nutrientes. Então, não há saúde propriamente dita se nós não tivermos alimentos de qualidade. E alimento não brota por geração espontânea, ele é fruto de um solo e de um manejo adequado”, discursou Alckmin, médico por formação, durante o evento.
Entre os temas apresentados no Congresso estavam Desenvolvimento do Setor de Fertilizantes Global nos Últimos 50 Anos e Perspectivas de Oferta e Demanda Para os Próximos Anos, defendido por Charlote Hebebrand, diretora geral da International Fertilizer Association (IFA), e Perspectivas Para a Agropecuária Brasileira Para os Próximos Cinco Anos, com Alexandre Mendonça de Barros, sócio da MB Agro. Fertilizantes, Sustentabilidade e Nutrientes Para a Vida no Brasil foi a palestra proferida por Heitor Cantarella, diretor do Centro de Solos e Recursos Ambientais do Instituto Agronômico de Campinas (IAC)
e coordenador técnico do NPV.
“Uma coisa importante que precisamos ter em mente é a natureza dos fertilizantes. Os nutrientes não podem ser substituídos, as funções do fósforo e do nitrogênio não podem ser substituídas por nada que podemos aplicar ou deixar de aplicar. Eles são componentes naturais das plantas. Mais ou menos 5% da matéria seca de qualquer vegetal são compostos por nutrientes minerais, sem eles não temos produção vegetal”, informou Cantarella logo no início de sua apresentação. “Outro ponto importante que deve ser divulgado ao público é que os nutrientes são fatores de aumento de produção, sendo eles componentes naturais das plantas. Se aumentamos a produção de plantas, precisamos aumentar também o suprimento de nutrientes, assim uma nutrição balanceada vai gerar uma maior produção agrícola, diferentemente da maioria dos outros insumos que são usados na agricultura feitos para proteger a produção pendente, não aumentando a produção, mas protegendo as plantas contra inimigos como insetos, aracnídeos, fungos e bactérias”, prosseguiu.
Sobre a sustentabilidade, Cantarella afirmou que a indústria de fertilizantes está atenta ao problema, inclusive por questões econômicas, e que tem feito ganhos nesse sentido, citando como exemplos a diminuição da energia gasta para a produção de amônia e a eficiência dos novos produtos que estão entrando no mercado. “As ferramentas para aumentar a sustentabilidade e reduzir os impactos ambientais estão sendo desenvolvidas e adotadas”, declarou.
Outros benefícios dos fertilizantes para o meio ambiente citados por Cantarella foram a estocagem de CO2 no solo – “isso é explicado pelo fato de que o que incorpora carbono no solo é a matéria orgânica de planta; daí o papel dos fertilizantes ao estimularem o produção vegetal” – e o controle de erosões – “o que preserva o solo de erosão é a planta, viva ou morta. Se o solo não estiver bem nutrido, a produção vegetal será menor e ele estará mais sujeito a erosão.”
Ao fim de sua apresentação, Heitor Cantarella falou da importância da NPV para evitar que os fertilizantes sejam associados com produtos causadores dos desequilíbrios ambientais, que acabam gerando desinformação para a população.
“Precisamos ter uma atitude mais proativa junto a todos esses polos para evitar que essas concepções falsas sejam difundidas, ou então tomarmos as medidas que forem necessárias para melhorar a imagem desse insumo importante para a agricultura”, disse antes de exibir um vídeo gravado em São Paulo em que pessoas de nível médio e superior demonstram desconhecer as reais vantagens dos fertilizantes. “A maior parte dos entrevistados é de pessoas com nível universitário, então, não são pessoas ignorantes, mas são desinformadas a respeito de fertilizantes e parte da culpa é nossa. Nós é que temos que fazer essas informações chegar a eles”, finalizou.