O nitrogênio é o nutriente mineral normalmente absorvido em maiores quantidades pelas plantas. Ele faz parte de muitas moléculas importantes para a estrutura e a fisiologia vegetal, como proteínas, enzimas e clorofila, entre outras. Seu papel é insubstituível na produção agrícola. Grãos com alto valor proteico, como soja e feijão, ou culturas com maior produção de biomassa requerem maiores quantidades de nitrogênio.
No manejo da adubação, recomenda-se a sua aplicação parcelada no solo. Por se tratar de um elemento muito dinâmico no ambiente, o nitrogênio pode ser perdido por várias formas se utilizado nas fases em que as plantas não podem absorvê-lo. Em uma cultura anual, por exemplo, aplica-se uma parte do fertilizante nitrogenado na semeadura e o restante na fase de crescimento, de acordo com a necessidade das plantas, com o objetivo de não deixá-lo no solo por muito tempo e evitar sua perda.
“Em culturas perenes, como laranja, café e banana, a dose de nitrogênio calculada para suprir as necessidades das plantas durante o ano todo é dividida em três, quatro ou cinco aplicações, favorecendo a eficiência de uso do nutriente pelas plantas e reduzindo as chances de perdas para o ambiente”, explica Dr. Heitor Cantarella, diretor do Centro de Solos e Recursos Ambientais do Instituto Agronômico de Campinas e Coordenador da iniciativa Nutrientes para a Vida (NPV).
Dr. Cantarella explica que a Nutrientes Para a Vida é a iniciativa brasileira a partir da americana Nutrients for Life, a qual encontra-se também em outros países e visa o esclarecimento da sociedade quanto aos benefícios do uso dos fertilizantes na qualidade e segurança nutricional dos alimentos, mediante embasamento científico.
“Os fertilizantes nitrogenados proporcionam benefícios que se estendem à saúde humana através da produção de plantas saudáveis, ricas em proteínas. Lavouras adequadamente adubadas com nitrogênio produzem grãos com mais proteína, essencial para a alimentação humana e animal. Pastagens com altas concentrações de proteína não só elevam a produção de carne, leite e outros produtos de origem animal, mas também melhoram seu valor alimentício.
Estima-se que, atualmente, 40% da população mundial tenham sua subsistência alimentar associada à invenção da síntese da amônia (NH3), matéria prima utilizada para a produção dos fertilizantes nitrogenados a partir do nitrogênio presente no ar”, comenta Dr. Cantarella. Pouca gente sabe que a maior parte do nitrogênio que constitui essa classe de adubo provém do ar que respiramos. A síntese de amônia, desenvolvida por Haber-Bosh, proporcionou a produção em escala mundial de fertilizantes nitrogenados, aumentando a produtividade da agricultura em grande parte do planeta. Atribui-se a ela um aumento de 30 a 50% na produção agrícola.
O nitrogênio, a despeito dos seus muitos benefícios à produção agrícola e à qualidade dos alimentos, pode trazer consequências preocupantes se for mal manejado. Quando o N se perde do solo por lixiviação, volatilização ou se transfere para os corpos d’água, por exemplo, há prejuízo econômico para o agricultor e prejuízo para o ambiente, pois o N, quando em excesso na bacia hidrográfica, pode ter potencial poluidor. “Por isso, para maximizar os benefícios dos adubos nitrogenados, é importante utilizá-los de acordo com as técnicas agronômicas recomendadas”, conclui Dr. Cantarella.