Um sono tranquilo garante um dia produtivo, mas para cerca de 40% da população, segundo a Academia Brasileira de Neurologia (ABN), dormir bem não é tão fácil, pois essas pessoas sofrem de algum tipo de distúrbio. A falta de um descanso restaurador pode trazer problemas de saúde, como o aparecimento de doenças cardiovasculares ou neuropsiquiátricas, além de irritabilidade, adverte o neurologista R. Nonato D. Rodrigues, secretário do Departamento Científico de Medicina do Sono da Academia.
São vários os transtornos que podem interferir na qualidade do sono, entre eles a apneia, o ronco, o bruxismo, o sonambulismo, a narcolepsia e o terror noturno. “O tratamento deve ser feito de acordo com a causa e esta precisa ser encontrada por meio de uma entrevista bem feita e de exames complementares”, conta o neurologista.
Caso os distúrbios aconteçam, é hora de procurar ajuda. “Doenças neurológicas como a de Parkinson levam a alterações do comportamento durante o sono ou ainda a quadros de sonolência excessiva. Medicações e drogas também podem alterar o sono das pessoas e isto, geralmente, deve ser resolvido com a suspensão do agente causador. O estresse mental ou físico provocados por quadros dolorosos (artrites e câncer) também podem contribuir para perturbar o sono de um indivíduo”, confirma R. Nonato.
Algumas doenças podem levar aos transtornos do sono, como o acidente vascular cerebral e a obesidade, que desencadeiam a apneia em alguns casos, distúrbio que acomete cerca de 30% da população. “Ela representa uma grande causa de queda na qualidade de vida, pois os seguidos episódios de paradas respiratórias durante o sono estão associados com queda do conteúdo de oxigênio no sangue e interrupções seguidas do sono, o que ativa o mecanismo de estresse cerebral, aumentando a pressão arterial e alterando o equilíbrio hormonal, o que, por sua vez, pode levar à hipertensão arterial, alterações do ritmo cardíaco, diabetes e dificuldade de perder peso”, explica o médico.
Na lista dos transtornos do sono, o bruxismo, uma tensão das mandíbulas com ranger de dentes durante o repouso, afeta mais crianças, mas não é incomum em adultos. Segundo o especialista, estresse, ansiedade e tabagismo são fatores que levam a esse distúrbio, que também provoca desgaste dentário, desconforto na articulação temporo-mandibular (ATM) e fortes dores de cabeça.
Para R. Nonato D. Rodrigues, bons hábitos garantem um sono tranquilo. “É importante que o ambiente seja silencioso, com luminosidade e temperatura ideais, e que o indivíduo respeito seu relógio biológico, não forçando a vigília com o uso de estimulantes durante a noite ou com o uso de aparelhos eletrônicos no quarto. Cama é feita para dormir” finaliza.