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Cochrane Brasil e a capacitação de médicos para atuar na linha de frente da pandemia


Apenas 15% dos médicos brasileiros se consideram capazes de atender pacientes de COVID-19 em qualquer fase da doença. Esse foi o resultado da pesquisa da Associação Paulista de Medicina (APM), realizada com mais de dois mil médicos em todo o país, entre 9 e 17 de abril. De acordo com o estudo, 59% desses profissionais já haviam atendido alguém do grupo.

Aproximadamente um mês depois, entre 15 e 25 de maio, a APM realizou mais um levantamento. Dessa vez, foram quase três mil entrevistados. Entre eles, 84,5% consideravam que ainda não havíamos ultrapassado o pior da pandemia, 96,6% admitiam a possibilidade de faltar médicos para cuidar dos infectados e 46% já denunciavam essa realidade. O número de médicos que se consideravam capazes de atender os pacientes da COVID-19 pouco mudou, subindo para 22,3%.

Entre os resultados mais alarmantes das pesquisas, está a carência de métodos de capacitação destinados aos profissionais da saúde. O Ministério da Saúde e as secretarias estaduais e municipais não oferecem os meios necessários para a preparação adequada frente à pandemia. No que diz respeito à atualização científica, os entrevistados apontam que esses órgãos ocupam as últimas posições (31,5%, 17,5% e 18,5%, respectivamente). A maior parte do conhecimento fica a cargo dos próprios hospitais (38,5%), das associações médicas (38%) e, principalmente, da literatura médica (61,5%).

A Cochrane Brasil

Nesse cenário, a Cochrane Brasil surge como uma forma de reduzir as incertezas em um momento onde elas parecem se sobressair às certezas. A Cochrane, criada na Inglaterra em 1992, é uma rede global de pesquisadores em Medicina Baseada em Evidências com mais de 37 mil voluntários em 130 países ao redor do mundo.

A instituição se dedica a revisões sistemáticas baseadas em aspectos metodológicos apurados para reunir evidências científicas em torno dos assuntos mais relevantes e urgentes. "Atuamos em diversas especialidades, fornecendo conhecimento confiável para tomada de decisão na área da saúde", pontua dr. Álvaro Atallah, fundador e diretor da Cochrane Brasil.

A principal ferramenta para levar a atualização científica aos médicos brasileiros e ao redor do mundo é a Cochrane Library, a maior base de dados de ensaios clínicos publicados, com mais de nove mil revisões sistemáticas. "Nós mapeamos o conhecimento e analisamos a evolução em termos de prevenção, diagnóstico e tratamento, disponibilizando os resultados para todos os países", detalha o epidemiologista.

Combate à COVID-19

Durante a pandemia, os membros da Cochrane correm para produzir revisões mais rápidas, respondendo às principais demandas da população e dos profissionais da saúde no combate à COVID-19. O isolamento funciona? O uso de máscaras ajuda na prevenção? Quais medicamentos são realmente eficientes? Essas são algumas das perguntas discutidas nos últimos meses.

Além disso, apostam em workshops, consultorias científicas e ações conjuntas com os órgãos públicos para melhorar e agilizar as respostas da classe médica frente à doença. No Brasil, a Cochrane Library está aberta para acesso gratuito desde 2001, graças ao dr. Atallah, à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e à Pan American Health Organization (PAHO).


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