A Síndrome Alcoólica Fetal (SAF) é uma doença que afeta o desenvolvimento do feto. Ela se apresenta com 3 características principais, que são: retardo de crescimento intra e extrauterino, dismorfias faciais e disfunção do sistema nervoso central.
De acordo com Helenilce de Paula Fiod Costa, pediatria com área de atuação em Neonatologia e presidente do Núcleo de Estudos dos Efeitos do Álcool na Gestante, Feto e Recém-nascido da Sociedade de Pediatria de São Paulo, a SAF pode ser causada mesmo nos níveis mais baixos de consumo. “O consumo de álcool por uma mulher grávida, cuja frequência varia muito, tem grande possibilidade de atingir o feto, levando-o a apresentar alterações em diferentes órgãos, como malformações congênitas, do sistema nervoso central e alterações neurocomportamentais que não têm cura”, esclarece.
Portanto, é fato que, durante a gravidez, nenhuma única gota de álcool é segura. A recomendação geral dos especialistas é: tolerância zero! “Todas as bebidas, seja vinho, cerveja ou destilados, representam um risco semelhante”, reforça Helenilce.
Estudos internacionais mostram que, hoje, cerca de 1 a 3/1000 recém-nascidos vivos podem ser acometidos pela SAF completa. Com base nesses dados, estima-se que anualmente 119.000 crianças no mundo venham a nascer com SAF.
“Para cada caso de SAF completa, há pelo menos 10 casos da síndrome parcial, conhecida pela sigla FASD. São crianças que não apresentam a SAF completa, mas que podem ter dificuldades na aprendizagem e alterações no comportamento e sociabilidade, que só são identificadas mais tardiamente”, conta.
As crianças acometidas pela SAF completa podem nascer com peso abaixo do percentil 10, têm alterações faciais e malformações em vários órgãos, como microcefalia e/ou microcefalia, cardiopatias congênitas, distúrbios metabólicos, irritabilidade, tremores ao nascimento e retardo mental.
Já na SAF parcial (FASD), elas podem apresentar problemas durante a infância, que normalmente são dificuldades de aprendizagem (principalmente de matemática), memória, fala, audição, atenção, dificuldade na resolução de problemas e no relacionamento com outras pessoas.
Mas claro, mulheres que consomem álcool e têm vida sexual ativa, e acabam por descobrir uma gravidez sem planejamento, não precisam se desesperar. Nunca é tarde para parar! Quanto antes o álcool for cortado, menores são os riscos para o feto.
Aleitamento materno
Vale frisar ainda que durante o período de amamentação, os alimentos consumidos pela mãe podem interferir diretamente na produção e qualidade do leite. Portanto, a recomendação ainda é de não consumir bebidas alcoólicas.
O álcool consumido por uma lactante é transferido para o leite materno por difusão passiva em 30 a 60 minutos após a ingestão materna. Ocorre, ainda, ligeira redução na produção do leite, pois o álcool inibe o hormônio chamado “prolactina”, que é responsável pela produção do leite. “Além disso, ele também pode alterar o cheiro e o sabor do leite, o que pode levar o bebê a recusar, portanto, um impacto negativo não apenas para a lactação, mas também sobre o desenvolvimento da criança”, explica Conceição Segre, pediatra e neonatologista, além de integrante do Núcleo de Estudos dos Efeitos do Álcool na Gestante, Feto e Recém-nascido.
O recém-nascido pode apresentar sonolência, sudorese, sono profundo, fraqueza e, como consequência, ganho anormal de peso e diminuição do crescimento linear. Além do que, como seu cérebro continua em desenvolvimento, o álcool pode atingir seu sistema nervoso provocando lesões irreversíveis.
“Embora o consumo de álcool durante o período de lactação não seja proibido, deve ser fortemente desaconselhado e, se em último caso for utilizado, o consumo deve ser esporádico, em doses baixas e a ingestão de bebidas fermentadas deve ser preferida à de destilados”, finaliza.
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