O papel da fé no tratamento de pacientes com câncer é o mote do livro Espiritualidade e Oncologia – Conceitos e Prática, recém-lançado pela Editora Atheneu. A obra tem edição do oncologista clínico Felipe Moraes Toledo Pereira, médico assistente na Unidade de Terapia Intensiva da Escola Paulista de Medicina, e dos editores associados, Diego de Araújo Toloi, médico assistente de cancerologia clínica no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo , Paulo Antônio da Silva Andrade, Psicólogo do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, e Tiago Pugliese Branco, Médico Geriatra pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Segundo os autores, a fé do paciente e a de todos a sua volta pode ser forte aliada durante a luta contra o câncer. Em suas 200 páginas, o livro propõe a abordagem da doença e das condições terminais em que o paciente se encontra, por meio da espiritualidade, da tríade humana (corpo, aparelho psíquico e espírito) e de uma visão mais profunda da dor.
Propõe reflexões sobre a natureza intrínseca da vida, a noção que o ser humano tem de questões de vivência e de existência e, no caso dos pacientes com câncer, a consciência do envelhecimento e da morte.
A espiritualidade faz, assim, o papel - não de tratamento tangível, como os medicamentos - mas de um sistema de crenças subjetivas que depende da fé de cada paciente.
A intenção é mostrar aos profissionais da área como usar essa espiritualidade como um mecanismo de esperança dos pacientes oncológicos, produzindo efeitos sobre esses indivíduos e sobre o meio social em que eles vivem.
A despeito de o tema principal estar diretamente ligado ao tratamento do câncer, a obra é dedicada não só aos oncologistas, mas também aos enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, clérigos e todos os demais que tiverem envolvimento com o paciente oncológico.
SOBRE A ATHENEU
Líder nacional em literatura para as áreas de Medicina e Saúde, a Editora Atheneu é reconhecida pela excelência de seus livros e autores no próprio mercado editorial. Suas obras são referências nas universidades, nas sociedades de especialidades médicas e demais instituições da Saúde.
“Investir na educação acadêmica de excelência para médicos e demais profissionais da saúde significa trabalhar em prol do cidadão, do social”, comenta o diretor-presidente, Paulo Rzezinski. “Somos presença constante entre os vitoriosos do Prêmio Jabuti, sendo que houve ocasião, como em 2015, em que ganhamos o primeiro, o segundo e terceiro lugares na categoria Ciências da Saúde, feito inédito em uma só modalidade nos mais de 50 anos de história da tradicional premiação. Este ano fomos homenageados pela Câmara Brasileira do Livro na Bienal”.
A Editora Atheneu foi criada a 3 de outubro de 1928, pelo jovem espanhol José Bernardes. Nascido em Barcelona, ele fixou moradia no Brasil, mais especificamente no Rio de Janeiro, em uma época em que o País não tinha uma só indústria gráfica de porte. Os livros vinham do exterior por via marítima e, desde o princípio, o foco foi a literatura médica.
Já na oportunidade, os sobressaltos políticos não favoreciam quem por aqui chegava pensando em investir. Nem dois anos depois de sua fundação da Atheneu, ocorreu o assassinato de João Pessoa, então governador da Paraíba e candidato à vice-presidente na chapa de Getúlio Vargas. Foi o estopim para a Revolução de 1930.
A crise veio forte, mas em momento algum abalou José Bernardes. Ele seguiu semeando sonhos, enquanto ensinava o filho adotivo Jorge Simão Rzezinski, imigrante originário da Polônia, a arte do ofício. Dezesseis anos após, em 1946, Bernardes mudou-se para a Argentina, deixando a empresa em mãos de Rzezinski.
Nas quatro décadas seguintes, a Editora Atheneu foi ganhando cada vez mais o reconhecimento das celebridades da Medicina e da Saúde. Prosseguia firme em sua missão, como se o Brasil atravessasse um céu de brigadeiro, a despeito de turbulências relevantes: Revolução Constitucionalista de 1932, Golpe de Estado de 1937, suicídio de Getúlio Vargas em 1954, Golpe Militar de 1964, entre outras.
Se as perspectivas políticas não eram alentadoras, felizmente havia a compensação da evolução da ciência e do cuidado ao ser humano. Desta forma, a Atheneu assumia seu papel como protagonista na disseminação de avanços que transformaram a medicina no século XX, como a comprovação de que a malária era transmitida por mosquitos, fundamental para o combate às epidemias urbanas.
Vieram na sequência novas vacinas contra tuberculose, difteria, coqueluche, tétano, poliomielite e o sarampo. Os antibióticos mudaram as perspectivas de tratamentos, surgiu a pílula anticoncepcional, o “bebê de proveta”, os transplantes do coração e de outros órgãos.
As cirurgias se tornaram muito seguras e a causa do diabetes foi elucidada. Diferentes áreas científicas juntaram-se no desenvolvimento dos exames de imagem: ultrassonografia, tomografia computadorizada e ressonância nuclear magnética. O homem passou a viver mais e melhor. Os índices de mortalidade despencaram. Os de longevidade subiram.
Enquanto os livros da Atheneu retratavam toda esta revolução, quatorze gerações de médicos se formaram no Brasil. Entre eles, Paulo Rzezinski, filho de Jorge Simão. Por uma dessas histórias peculiares à vida, ele teve de abrir mão da medicina e da arte de clinicar, na década de 80, para assumir o cargo de diretor-presidente, quando do falecimento de seu pai.
Quando fechou o consultório e entrou para o mundo da editoração, Paulo optou por reescrever a história da Atheneu sob a ótica de quem tinha no Juramento de Hipócrates um compromisso irrevogável com o próximo. Transformou-se em um dos mais importantes incentivadores da produção de trabalhos médicos e das Ciências da Saúde brasileiros, até então com pouca expressão. Em realidade, colocou o ideal de divulgação das Ciências da Saúde, acima da marca ATHENEU, cujo maior efeito foi o reconhecimento de seus leitores, potencializando em retorno à própria marca. Foi mais uma grande virada em benefício da ciência e do progresso, e por que não dizer, da marca Atheneu:
“Naqueles tempos, detectei imediatamente que faltavam obras de autores brasileiros em Saúde e Medicina, pois os livros, em sua maioria, eram traduções de escritores da língua espanhola ou inglesa. O autor nacional enfrentava muita dificuldade para se expor, temeroso da crítica de seus pares, os estrangeiros sempre seriam os melhores... Comecei a produzir livros somente de autores brasileiros. O primeiro foi do professor, já falecido, Paulo Lacaz, da USP, grande Tropicologista, conhecedor profundo da Micologia Médica (fungos patogênicos). Deixamos de importar livros para trabalhar somente com o que produzíamos no País”.
É por esta trajetória de sucesso, além de suas inúmeras contribuições à Saúde, à Medicina, ao Brasil e, em especial, ao campo social que a Atheneu chega aos 90 anos premiada, reconhecida, destacada e rejuvenescida. Não há limites para os sonhos de disseminar conteúdo de qualidade e de construir para a melhoria do mundo.