A nutrição das plantas está diretamente relacionada à saúde humana, já que a grande maioria dos nutrientes comprovadamente essenciais ao homem também cumpre funções importantes no desenvolvimento vegetal.
“Sabemos que os homens e os animais obtêm todos os nutrientes de que necessitam para sua sobreviência por meio dos alimentos, os quais, por sua vez, são reflexo das características dos solos em que foram produzidos”, explica Dr. Milton F. Moraes, professor da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), com grande experiência em nutrição das plantas, fertilidade do solo e adubação.
Para que o organismo humano aproveite melhor os nutrientes advindos das plantas alimentícias, novas técnicas estão sendo estudadas visando promover o manejo adequado da adubação. “Recentemente, tem ganhado notoriedade a linha de pesquisa chamada biofortificação, que visa a obtenção de variedades melhoradas que apresentam maior teor de vitaminas e minerais na sua parte comestível. Em outras palavras, por meio do melhoramento de plantas e/ou do manejo das culturas passou-se a considerar, além dos ganhos em produtividade, a composição e a qualidade nutricional dos alimentos produzidos no campo”, explica o professor.
De acordo com o Dr. Milton, várias estratégias isoladas, ou em conjunto, podem ser adotadas visando a biofortificação dos alimentos:
a) seleção de variedades que apresentam naturalmente maiores teores de minerais, vitaminas ou compostos promotores de saúde na parte comestível;
b) práticas de manejo de adubação;
c) manipulação genética por meio de biotecnologia.
A deficiência nutricional é reconhecida mundialmente como um problema sério, e essa técnica é um meio sustentável que pode garantir a saúde da população, principalmente porque combate as carências nutricionais na raiz do problema, ou seja, no campo, onde são produzidos os alimentos. “Isso requer que os profissionais das ciências agrárias trabalhem mais da ‘porteira para fora’, interagindo com profissionais de outras áreas, como medicina, ciência de alimentos,
nutrição, educação, educação física, economia doméstica, entre outras”, finaliza o especialista.
Com o objetivo de desfazer os preconceitos e revelar à sociedade os benefícios dos fertilizantes (ou adubos) na agricultura e na saúde da população, existe no Brasil, desde 2016, a iniciativa Nutrientes Para a Vida (NPV).
Milton F. Moraes é professor de Agronomia e do Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), membro do Conselho Diretor da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBCS), membro da rede BioFORT/HarvestPlus Brasil de Biofortificação e bolsista Produtividade em Pesquisa do CNPq - PQ2 CA Agronomia. E-mail: moraesmf@ufmt.br