Em momento de profunda crise que atinge todos os segmentos da sociedade, é com absoluta indignação que a Associação Paulista de Medicina (APM) recebe a declaração do ministro da Saúde, Ricardo Barros, de que a adoção da biometria nas unidades de saúde do País fará “...o médico parar de fingir que trabalha”.
A irresponsável afirmação, feita durante evento oficial, em 13 de julho, no Palácio do Planalto, Brasília (DF), evidencia que o Governo escolhe novamente os médicos como responsáveis pelas mazelas da saúde. Em um sistema de saúde subfinanciado, condenado recentemente a ter os recursos congelados por 20 anos, com estrutura sucateada, escassez de insumos, de recursos humanos multidisciplinares, os médicos brasileiros, ao contrário da visão distorcida do ministro da saúde, cumprem seu papel com honradez e excelência, oferecendo aos cidadãos o melhor de suas habilidades, cuidado e humanismo.
O profissional médico, vale lembrar, dedica anos de sua vida e considerável investimento à formação profissional, já sabendo que seu ofício terá percalços de todos os gêneros. Mesmo assim, segue em frente por acreditar no Juramento de Hipócrates; o faz por gostar de gente e valorizar o bem estar do próximo.
Quando vai para a linha de frente do atendimento, principalmente na rede pública, conhece de antemão as adversidades. Mas se apresenta porque deseja servir, da melhor forma possível, aqueles que necessitam de assistência em saúde.
Por tudo isso, a APM se solidariza com os médicos de São Paulo e do Brasil que cotidianamente recebem nas urgências e emergências milhares de pacientes em estado grave, precisando de internações, de UTIs e que sofrem com a falta de vagas e estrutura.
Nossa compreensão é a de que o Governo é quem deve explicações e desculpas à Nação, pois não tem políticas consistentes, fecha os olhos às demandas da população e administra caoticamente a saúde. Da parte do Excelentíssimo Ministro da Saúde, lhe cabe, no mínimo, uma retratação pública.