Campanha da ABN pelos 200 anos da Doença de Parkinson chega à Cuiabá
Palestras, debates e ações educativas em todo país fazem parte das atividades de conscientização sobre a doença
Em 17 de abril, os alunos do Hospital Geral Universitário de Cuiabá participarão de palestra sobre a Doença de Parkinson, cujo Dia Mundial de Combate é celebrado no dia 11 de abril, mês escolhido pela Academia Brasileira de Neurologia para iniciar a campanha Doença de Parkinson - 200 anos de História e Conhecimento.
O objetivo da iniciativa é mostrar para os alunos como identificar e fazer o diagnóstico de um paciente com Parkinson. “Eles precisam saber identificar a doença e é importante saber que não existe apenas o tratamento medicamentoso, a fisioterapia também pode ajudar bastante”, adianta dra Heloise Siqueira, neurologista do Hospital Geral Universitário de Cuiabá.
Palestras, panfletagem e debates com pacientes, entre outras ações educativas, também serão realizadas em capitais e cidades do interior de estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Pará, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina até 30 de abril.
Medicamentos e acompanhamento multiprofissional
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) atestam que cerca de 1% da população mundial acima de 65 anos é portador da Doença de Parkinson. A prevalência estimada é de 100 a 200 casos por 200 mil habitantes. No Brasil, são poucas estatísticas, mas estima-se que 200 mil pessoas sofram da doença.
Novas drogas estão em estudo, algumas já no mercado, como a rasagilina, um inibidor da monoamina oxidase que potencializa a levodopa e pode interferir na evolução da doença. Existem outras não-dopaminérgicas que visam melhorar os sintomas sem os movimentos involuntários anormais, como a istradefilina.
Para o dr. João Carlos Papaterra Limongi, doutor em Ciências pela Faculdade de Medicina da USP, médico neurologista do Grupo de Distúrbios do Movimento do Hospital das Clínicas da FMUSP e membro titular da ABN, é importante salientar nesse contexto que o paciente com Doença de Parkinson não precisa somente do neurologista, mas de um acompanhamento multiprofissional que deve contar com fisioterapia e tratamento fonoterápico, nutricional e psicológico.
De acordo com o dr. Henrique Ballalai Ferraz, membro titular da ABN e professor de neurologia da UNIFESP, há alguns medicamentos importantes que ainda não estão disponíveis no SUS. Os demais remédios conseguem tratar a maioria dos pacientes, no entanto, alguns se beneficiariam se houvesse amplo acesso a essas drogas. “Ainda há uma lentidão para aprovar estes medicamentos mais novos”, diz. Outra deficiência é o acesso ao tratamento cirúrgico com estimulação cerebral profunda. A saúde pública disponibiliza em poucos serviços e é insuficiente para atender as demandas.
Panorama
A maior parte da monografia de James Parkinson, publicada em 1817, ainda é considerada correta pela classe médica, em especial os quatro principais sintomas – doença motora caracterizada por tremores de repouso, rigidez muscular, dificuldade com movimentos e alterações posturais. Uma nova percepção ficou evidente nos últimos 20 anos e diz respeito à enorme quantidade de sintomas não-motores, por vezes predominante em determinadas fases do distúrbio.
“O comprometimento cognitivo, que pode acarretar em demências, a disfunção do sistema nervoso autônomo, os transtornos de sono, a depressão e as alterações sensoriais (principalmente do olfato) ganharam um peso considerável, especialmente por sua interferência na qualidade de vida dos pacientes, o que não estava contemplado na descrição clínica original de James Parkinson”, explica Limongi.
“Fazer caminhadas, praticar atividades físicas regulares, conviver com amigos, sair de casa mesmo com as dificuldades, e não se preocupar com as limitações resulta em um tratamento medicamentoso mais bem sucedido, pois a preservação da saúde mental do paciente também é fundamental”, reforça Ballalai.
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