Uma sondagem realizada pelo Coren-SP entre janeiro e fevereiro de 2017 revelou dados alarmantes sobre a violência praticada contra profissionais de enfermagem no Estado de São Paulo. Entre os participantes da pesquisa, 77% sofreram agressão no trabalho e 55% foram vítimas mais de uma vez, mostrando que essa é uma situação recorrente.
A maioria dos casos ocorre no SUS e envolve pacientes e seus acompanhantes. O tipo mais comum de violência é a verbal, seguida pelas psicológica e física. Outro dado alarmante revelado pela pesquisa é a subnotificação desses casos. Apenas 35% dos profissionais de enfermagem denunciaram a agressão sofrida, sobretudo devido ao descrédito em relação às políticas de acolhimento e proteção das vítimas. Mais de 80% daqueles que registraram o caso não tiveram qualquer resultado.
Para a presidente do Coren-SP, a violência praticada contra profissionais de enfermagem é reflexo do subfinanciamento do SUS e ineficiência dos modelos de gestão, que impactam nas condições e capacidade de atendimento das equipes de saúde. Ela cita também a questão de gênero, tendo em vista que a categoria é predominantemente feminina. “Não podemos encarar a violência como algo comum em nosso cotidiano . Ela gera um ciclo que prejudica os profissionais e a própria população”, afirmou.
A sondagem foi realizada com 5.568 profissionais e também direcionada aos médicos. A categoria reforçou o cenário apontado pela enfermagem, já que 60% dos entrevistados informaram ter sofrido agressão no ambiente profissional. Confira aqui os dados completos.
Campanha Violência Não Resolve
Dispostos a debater o tema e a lutar para transformar esta realidade, o Coren-SP e o Cremesp lançaram a campanha “Violência Não Resolve”, que tem como objetivo conscientizar a sociedade de que a agressão contra os profissionais não soluciona os problemas relacionados ao atendimento na área da saúde e prejudica a assistência. A intenção também é alertar as autoridades e instituições sobre a necessidade da criação de fluxos de encaminhamento e acolhimento das vítimas.
Na última quarta-feira (15), Coren-SP e Cremesp realizaram um encontro com as comissões de ética das duas categorias, para debater o encaminhamento dos casos de violência nas instituições de saúde. O evento também contou com um ato público em defesa da paz, conduzido pela presidente do Coren-SP Fabíola Campos, e pelo presidente do Cremesp, Mauro Aranha, com distribuição de rosas aos pacientes nas imediações do Hospital das Clínicas (Metrô Clínicas) e uma revoada de balões brancos.
A campanha inclui divulgação de spots em rádios, painéis nas estações de metrô e fixação de cartazes nas instituições de saúde, com o lema “Respeite o médico e o profissional de enfermagem”.