Taubaté foi palco do Seminário Regional Vale do Paraíba, promovido pela Associação Paulista de Medicina do Trabalho (APMT), em 2 de dezembro. Sob o mote “O cuidado com a saúde das trabalhadoras gestantes e lactantes”, contou com a moderação do Dr Antonio Javier Salan Marcos, diretor das regionais da APMT. A programação abrangente e diversificada focou as recomendações para os ambientes de trabalho a que são submetidas às mulheres nessas condições.
Interferências das características do trabalho na evolução da gestação e complicações prevalentes em algumas atividades foram assuntos ministrados pelo Dr Angelo Guedelha, professor na pós-graduação em Medicina do Trabalho da Unitau. O palestrante alertou, principalmente, que nas primeiras doze semanas, momento de formação de todos os órgãos principais do feto, a exposição da grávida às condições insalubres pode comprometer o desenvolvimento fetal e causar malformações.
Já o Dr Gregório Acácio, docente da Universidade de Taubaté, tratou de temas como teratogênese, assim como a relação entre perdas e malformações fetais com a exposição ocupacional a contaminantes, confirmando os pontos levantados na palestra anterior.
O Dr Thiago Fraga Arruda, coordenador do Hospital da Mulher, do PCSMO do Hospital Municipal Dr. José de Carvalho Florence e do SAMU, todos em São José dos Campos, abriu discussão sobre a experiência prática da aplicação do amparo legal à gestante e lactante no trabalho. Ocorreu debate acerca do deslocamento delas para áreas sem risco de insalubridade e os possíveis caminhos que a legislação trará a essas trabalhadoras.
Por fim, o Dr Angelo debateu sobre o amparo legal no trabalho, abordando questões como insalubridade, afastamento e retorno ao trabalho concluindo: “Tivemos o cuidado de separar a legislação da medicina para mostrar que o trabalho em áreas insalubres pode provocar malformações ao feto”.
Fechando o Seminário, o moderador Dr Antonio Javier Salan Marcos fez um balanço dos assuntos discutidos e propôs quatro premissas que ficaram claras neste evento:
1ª. Educação continuada dos profissionais envolvidos na saúde dos trabalhadores sobre o tema e a avaliação dos riscos no ambiente de trabalho deve ser incentivada.
2ª. As trabalhadoras devem ser orientadas das vantagens que terão em comunicar a confirmação do seu estado de gestante, o mais rápido possível, para que se possam avaliar os possíveis riscos ao desenvolvimento da gestação no ambiente de trabalho onde esta desempenhando suas atividades e assim tomar as medidas cabíveis.
3ª. Acompanhamento do recém-nato pelo Pediatra e pelo Serviço Social da Empresa, quando a mesma tiver esse serviço, em conjunto com Médico do Trabalho, pois essa conduta trará vantagens para a Empresa e para a Trabalhadora, que não necessitará dar explicações detalhadas sobre possíveis problemas nesse período, que podem exigir a presença dela por mais tempo ao lado do recém-nascido.
4ª. Recomendamos também o acompanhamento da trabalhadora gestante junto ao seu Obstetra, pelo Serviço Social da Empresa, quando a mesma tiver esse serviço, em conjunto com Médico do Trabalho, pois essa conduta trará vantagens para a Empresa e para a Trabalhadora, que não necessitará dar explicações detalhadas sobre possíveis problemas nesse período, que podem exigir afastamentos de suas atividades laborais, durante o desenvolvimento da gestação.
Estiveram presentes, essencialmente, médicos do trabalho, obstetras, médicos peritos, integrantes do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT), entre outros.