Para se evitar uma gravidez indesejada, existe um acervo de métodos anticoncepcionais com uso e características diversas. No entanto, alguns casais, já satisfeitos com o número de filhos, optam por formas definitivas de contracepção. Nos homens é feita a vasectomia, enquanto nas mulheres, a laqueadura tubária.
“Contamos com uma lei regulamentadora dos métodos contraceptivos no Brasil (LEI Nº 9.263, DE 12 DE JANEIRO DE 1996), em que a idade mínima para a anticoncepção definitiva é de 25 anos ou, pelo menos, 2 filhos vivos. Outra situação é a presença de agravantes à saúde da mulher ou de futuro filho certificada por dois médicos, quando pode ser realizada em pacientes mais jovens ou sem filhos”, explica dra. Patricia de Rossi, membro da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (SOGESP).
“A chance de falha é mínima - 0,4% na laqueadura e 0,1% na vasectomia, e esses procedimentos de esterilização devem ser considerados definitivos. Ou seja, o paciente precisa estar convicto de sua decisão. Dependendo da idade, o índice de arrependimento varia de 10 a 20%”, afirma.
A ginecologista alerta que é fundamental considerar alternativas como pílulas, injeção ou dispositivo intrauterino (DIU) antes de se decidir pelo método. “Tanto que a lei de Planejamento Familiar determina um prazo de 60 dias para reflexão do casal antes de realizar o procedimento de esterilização”, ressalta.
Técnicas
No caso das mulheres, a laqueadura pode ser feita por várias vias: laparotomia, laparoscopia ou incisão vaginal. No primeiro processo, as tubas uterinas são amarradas, cortadas e cauterizadas por meio de uma incisão abdominal; na segunda, os órgãos internos são acessados por pequenos cortes no abdômen por onde entram uma microcâmera e os instrumentos cirúrgicos. Na laqueadura vaginal, o corte é feito no fundo da vagina, por onde o cirurgião tem acesso às tubas para a ligadura.
“Entre as três possibilidades cirúrgicas, teoricamente não há chance de reversão, pois se corta um fragmento da tuba e amarra. Se houver um arrependimento, geralmente é indicada fertilização in vitro, pois o útero e o ovário se mantêm intactos”, esclarece.
Além da contracepção, estudos afirmam que a esterilização feminina pode prevenir as chances de câncer no ovário. “As pesquisas ainda são muito recentes, mas sabemos que a neoplasia ovariana se inicia na tuba uterina; sendo assim, retirá-la diminuiria sua probabilidade. Contudo, por lei, a laqueadura não se trata da retirada da tuba, mas sim de um fragmento dela”.
Já nos homens, a vasectomia é o resultado de uma incisão no canal de condução dos espermatozoides, localizado nos testículos. A cirurgia não interfere na ereção e ejaculação masculina. A produção do sêmen continua, apenas deixa de ter efeito reprodutor.